APOIO/PATROCÍNIOS

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quarta-feira, 30 de maio de 2007

Julie Moss no Ironman do Havai em 1982

6 de Fevereiro de 1982, Ironman do Havai, Julie Moss (triatleta profisisonal) liderava a prova, quando alguns metros antes da meta começa a cambalear e a cair. Percorreu as últimas dezenas de metros de gatas. Sua rival, Kathleen McCartney acabaria por ultrapassá-la e vencer a mítica prova.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Deixo-vos um sítio, que é um apanhado de vários Blogs e videos do IV Ironcat.

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domingo, 13 de maio de 2007

O meu 1º Ironman

Gostaria de partilhar a minha primeira vivência no mundo dos Ironmans, a prova mais longa e dura da modalidade de triatlo. Para tal deixo-vos um pequeno video que realizei, para documentar a IV Edição do Ironcat em l'Ampolla, Espanha, no dia 5 de Maio de 2007, bem assim como um pequeno relato da prova.




Dados da prova

Tempo final: 12h23min20seg (30º geral, 20º escalão)
classificações gerais
classificações escalões

Tempo natação: 1h15min34seg (51º)
parcial natação: 2min/100 metros
1ª transição: 5min6seg
frequência cardiaca média: 161 bpm
frequência cardiaca máxima: 180 bpm

cardiograma da natação
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Tempo ciclismo: 6h50min27seg (43º)
velocidade média: 26,31 Kms/h
velocidade máxima: 49,5 Kms/h
frequência cardiaca média: 137 bpm
frequência cardiaca máxima: 162 bpm

cardiograma do ciclismo
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Tempo corrida: 4h17min20seg (35º)
parcial corrida: 6min8seg/km
velocidade máxima: 10,9 Kms/h
frequência cardiaca média: 142 bpm
frequência cardiaca máxima: 151 bpm

cardiograma da corrida
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Relato da prova

DIA 3
07:00 horas -
saída de Portugal.
19:30 horas - Após quase 1100 kms chegada a l'Ampolla (Catalunha).

DIA 4
11:00 horas - reconhecimento dos percursos.
Aquando do reconhecimento do percurso de ciclismo, notava-se algum vento, alguém terá dito "amanhã o dia vai ser assim".

- video/visualização do percurso de ciclismo, AQUI
- video/visualização do percurso de corrida, AQUI

17:00 horas - hora do briefing. Reunidos os atletas deu-se inicio ao briefing, onde foram distribuidos os dorsais , explanados os dados da prova, indicados os percursos dos diversos segmentos da prova, bem assim como esclarecidas todas as dúvidas.
20:30 horas - hora de jantar um bom macarrão.
23:00 horas - algum stress tomava conta de mim e após a preparação de todo o material da prova chegou a hora de deitar.

DIA5
02:30 horas -
por volta desta hora apenas dormitava. Meio acordado, começei a ouvir o vento a assobiar nos mastros dos veleiros que se encontravam atracados na marina (situada justamente em frente ao meu quarto - Hotel Roca Plana, quarto 301) e as cordas dos mesmos a comporem sinfonias desconcertantes. Tal situação deixou-me um pouco preocupado, mas fui imediatamente reconfortado com a ideia de normalmente não haver vento pela matina.
Após várias voltas na cama consegui adormecer.
04:30 horas - hora de acordar. Após a última preparação do material chegou a hora do "petit déjeuner". Estava calmo e tranquilo.
Barriga aconchegada, chegou a hora de sair do hotel, levantar a bicicleta e fazer o check-in. Primeira constatação: afinal o vento não tinha desaparecido. Ainda era noite cerrada e o dia estava na eminência de nascer. Feito o check-in, restava-me deixo tudo arrumado nas boxes, para facilitar as transições e demorar o menos possível. Depois de enfiado o corpo no fato isotérmico dirigi-me para o areal, de modo a iniciar um breve aquecimento. Era visível a satisfação dos atletas por saberem que iriam ficar algumas horas a massacrar o físico (risos), afinal, todos sentem que é um prazer levar o corpo ao limite.

Ouviu-se o apito para reunir o pessoal junto à largada e em breves instantes estava dada a partida. A água, que inicialmente temia estar muito fria (lembremos que eram 7 da manhã) revelou-se estar bastante agradável. O percurso da natação, rectangular, era inicialmente realizado junto à costa. A água, com uma limpidez incrível permitia uma visibilidade do fundo extraordinária. Nesse curto périplo avistavam-se as rochas que se encontravam no fundo e isso causou-me uma sensação de desconforto, visto que tinha receio de lhes bater, fosse com os pés ou com as mãos. Não tinha bem a noção da profundidade a que estas se encontravam, mas seguramente não seria difícil tocá-las, aliás em dado momento tal aconteceu, o que me criou algum mau estar. Mesmo que de raspão, não nadava folgadamente devido ao receio de voltar a acontecer. Por outro lado, à medida que nos afastávamos da costa começava-se a notar a forte ondulação. Quando seguiámos paralelamente afastados da margem a ondulação era quase insuportável, sobretudo porque a minha respiração era precisamente para o lado da mesma, o que me obrigava a não respirar nalgumas braçadas, dificultando consequentemente o andamento. Se em algum momento da prova me occoreu desistir foi precisamente na natação. Ainda não ia a meio da primeira volta (duas no total) e já sentia imensa dificuldade. Não conseguia nadar. Parei uns segundos para me aperceber do que se passava à minha volta. Verifiquei que afinal não era o único no mesmo barco, outros estavam para trás e partilhavam as mesmas dificuldades. Reparei que algumas pessoas se apoiavam em barcos, talvez por se sentirem mal, ou terem dificuldade em prosseguir o nado e tudo isso me reconfortou e deu-me ânimo para prosseguir.
Com todas as dificuldades consegui concluir a prova, em 1h15min, ou seja sensivelmente mais 6 minutos do que o previsto. Incompreensivelmente e segundo o registo cardiográfico da prova teria feito uma média de 160 bpm e uma máxima de 180 bpm. Estes dados não me parecem estar correctos, na medida em que não sentia de modo algum estar a trabalhar em tais pulsações. Provavelmente terá existido alguma interferência com a água.
Após uma breve passagem pelo chuveiro para retirar a água salgada, encaminhei-me para a primeira transição, onde descansadamente me preparei, para aquele que veio a ser o maior suplício da prova.

Quando se procura fazer um Ironman, estás-se conscientemente preparado de que se trata de uma tarefa difícil e por essa razão, se procura uma prova que teoricamente seja mais fácil, nomeadamente no que diz respeito à altimetria, condições climatéricas, etc. Essa ponderação esteve sempre presente e a minha escolha recaiu no Ironcat. Este tem um percurso, tanto de ciclismo como de corrida plano e óptimas condições meteorológicas, enfim reúne factores de excelência para a realização de Ironman's. O problema surge, quando esperamos uma coisa e acontece outra, ou seja quando o "teoricamente", se torna perfeitamente variável, adquirindo estados indesejáveis. Foi o que aconteceu em Ampolla, onde até hoje todas as provas se realizaram em condições favoráveis (com excepção da I edição, que se realizou sob o forte calor de Junho) e em que nesta IV edição o imprevisível aconteceu. De facto, ninguém esperaria ventos tão fortes.
Após começar o percurso de ciclismo, não me apercebi do forte vento que se fazia sentir, isto porque parte inicial do mesmo (cerca de 2 kms) era feito em zona urbana, o que em certa medida camuflava a sua verdadeira fúria. Finda a zona urbana e após dar entrada nos descampados de arroz (cerca de 99% do percurso) notei que iria ter uma árdua tarefa. Com o intuito infrútifero de vencer a força do vento, a primeira volta revelou-se muito violenta. Ainda não tinha encontrado um ritmo para a prova. Comecei com muita pressão no pedal e sem um prévio aquecimento às pernas terei esgotado um tendão do joelho esquerdo. A forte pressão muscular impressa para vencer o vento, manteve os músculos e tendões constantemente sob tensão, não havendo lugar a uma boa recuperação, em cada ciclo da pedalada. O resultado foi uma lesão ao Km 40. Se tudo já estaria difícil, mais ainda se tornou, sabendo que teria de tentar arrastar uma lesão por 140 Kms. Senti algum desânimo, mas nunca vacilei, pelo contrário, o meu objectivo era chegar ao fim e para tal haveria que suportar todo o tipo de sacrifício.
Não se tornou fácil, a cada volta defrontar quilómetros de estrada, com a bicicleta a cambalear ao sabor das rajadas, ficando sempre na expectativa de saber quando ia ser atirado ao chão, aliás por várias vezes tive de manter pulso forte do guiador para evitar cair. Em algumas ocasiões, pegar o bidon para hidratar era uma verdadeira proeza.
Consegui aguentar a prova, mantendo um ritmo baixo (verificável pela média de 137 bpm), aliviando a perna lesionada e compensando com a perna direita, para não descair demasiado. Ao Km 150 tomei um analgésico que levei na bicicleta, para fazer a preparação para a corrida, visto que estava lesionado do pé esquerdo e interessava protegê-lo ao máximo. O seu efeito tornou eficaz ainda na bicicleta, deixando-me fazer os últimos 20 quilómetros a um ritmo mais elevado.
Nota: por avaria do sensor de velocidade, apenas foram registados 27,7 kms.

A segunda transição foi moderada sem grandes problemas.

A corrida era aquela que inicialmente me tinha dado mais preocupações, visto que não saberia se iria suportar fazer 42 quilómetros com uma lesão que embora ligeira se poderia engrandecer, no entanto permitiu-me cumprir toda a prova sem preocupações de maior. Apenas ao Km 14 me surgiu uma pequena dor, que foi aumentando progressivamente, obrigando-me por precaução, a tomar mais um analgésico e a pulverizar o pé com um spray analgésico. Também aqui o vento se fazia sentir, de referir que toda a corrida era efectuada junto à marginal oceânica, portanto muito descoberta.
A cada volta era nos dado uma pulseira vermelha, sendo que na última teríamos direito a uma branca, significando isso que estávamos a cumprir a derradeira. Após conquistar a almejada pulseira senti um alívio compensador - o fim estava à vista.
Também de sonhos vive o homem e cortar a meta numa prova de tamanha dimensão era do domínio onírico. A satisfação de completar um Ironman e receber a camisola de "Finisher" é fantástica, mas tal só é possível se compreendermos o nosso corpo e o soubermos gerir para ultrapassar todas as dificuldades, só assim se alcança o espírito Ironman.

Fotos da prova